sexta-feira, 18 de abril de 2008

FILHADAMÃEDAFILHA


DA INFINUTUDE DA FILHA PELA FINITUDE DA MÃE
Um pouco antes de ficar grávida e falando sobre o assunto Analu disse que assim que tivesse um filho eu saberia o que é ser mortal, pois até aquele momento a imortalidade ainda pairava sobre a minha cabeça.
Ser filha é ser imortal... aquilo ficou, tão forte como a imortalidade que acabara de penetrar no meu dia a dia, logo pra mim que sempre tive medo da morte.
Medo daqueles de sonhar e acordar chorando, de ter falta de ar e torcer para o pesadelo nunca mais voltar, medo até um pouco curioso, era algo que sempre vinha e não me conformava de jeito nenhum com isso. Essa inconformidade pode ser um pouco dessa imortalidade, não sei.
Mas confesso que beirava o absurdo aquela afirmação para mim pois a imortalidade justamente estaria concretizada na maternidade e não o contrário, minha continuação enquanto ser vivo se aplicaria nesse momento e nunca o contrário.
Ainda mais comigo que convivera com a mortalidade desde cedo com a morte da minha mãe, fui sentenciada à mortalidade aos nove anos de idade. E por isso um pouco assombrada pela idéia também.
Ser imortal é de uma sensação passageira para mim, pois logo que tomei consciência dela me tornei mortal de novo.
Todas as possibilidades estão na mortalidade, ela torna a vida um desafio ainda maior, vencê-la apesar de sua superioridade diariamente me faz mais poderosa que a mulher maravilha (ah, essa é outra cheia de defeitos como eu, adoro). Existe uma certa conformidade na imortalidade que a mortalidade ultrapassa justamente pela base estar na finitude.
A primeira impressão desse texto quando comecei a escrever era de um sentimantalismo forte, com raízes nas memórias de minha mãe e na vivência com a minha filha, as seu corpinho filosofal começou a dar forma e não quero teorizar demais Prefiro devaneios a teses nesse momento.
Tenho vivido minha mortalidade plenamente e com o prazer dobrado a cada dia, ando querendo ser anda mais mortal, fazer mais filhos e filhas quem sabe?
Agora só tenho a agradecer muito a minha amiga pela breve imortalidade, mas o prazer de ser mortal está valendo o risco.


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